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sábado, 19 de novembro de 2011

O MOINHO - CAPÍTULO 8


Nossa estória chega à sua reta final. Neste penúltimo capítulo, decisões terão que ser tomadas. Decisões que mudarão uma vida inteira...Boa leitura!

O MOINHO - CAPÍTULO 8

Pietra estava arrumando suas malas. Retornaria no dia seguinte. Mas para onde? Morava em Milão com uma tia que sempre dizia não gostar de sua companhia. Seu pai morrera durante a guerra, sua mãe havia fugido com um marinheiro inglês e sua tia, irmã de seu pai a culpava diariamente pela morte de seu irmão nos campos de batalha. Acolheu a menina para que ela não fosse para um orfanato, mas decididamente Pietra não sabia o que teria sido melhor em sua vida.

Quando conheceu Tony, achou que tudo mudaria. Via-se em sua casa, cuidando de seus filhos e esperando o marido com o jantar quentinho. Mas Tony também a tinha decepcionado.

- Milão, Lion, não sei onde é pior.

Estava sem dinheiro para a passagem de avião e teria que enfrentar uma maratona de trens e ônibus até chegar ao seu destino.

Decidiu dar uma volta nos arredores do hotel, a noite estava diferentemente bonita. Passeou muito, nem percebeu que havia ido tão longe. Ficou até com um pouco de medo pela longa volta.
O que não sabia é que não precisava ter medo algum. Allan estava a seu lado.

- Ah! Menina, faça isso, vá embora!

A tristeza de Pietra era aparente e até o pessoal do hotel, acostumado com a italianinha risonha estava triste com sua partida.

Allan não pôde deixar de notar que Pietra precisava muito de alguém que a protegesse. Percebeu que sua vida seria infeliz em Milão.

- Pela primeira vez, voltou triste ao moinho.

No dia seguinte, Pietra levantou cedo, tomou se último café no hotel, despediu-se de seus amigos e partiu para a estação de trem. O caminho do táxi passava pelo velho moinho. Pietra não tirou os olhos do local até que ele sumisse no horizonte. Sabia de alguma maneira que seu salvador estava lá, mas era tarde.

Havia se enganado quanto ao horário de partida do trem. Tinha comprado passagem para as 10h00min da noite e pensou ser 10h00min da manhã. Sem dinheiro para fazer muita coisa, guardou sua bagagem na sala dos funcionários e foi passear pelas imediações da estação.

Andou muito e voltando à estação acabou pegando no sono, sentada em uma das cadeiras da sala de espera. Ao anoitecer, não percebeu quando um vulto sentou ao seu lado para admirá-la. Acordou assustada, sentindo uma entranha sensação da presença de alguém, mas estava sozinha. Allan não queria ser visto.

- Tem alguém aqui, tenho certeza!

Levantou-se, foi ao banheiro sentindo que estava sendo observada.

O tempo passava, a sensação aumentava e Pietra tinha certeza que era seu salvador que estava por lá. Foi até os fundos da estação e gritou:

- Onde está você? Por que não aparece? Por favor...

Saindo de trás de uma grande coluna, Allan surgiu. Todo de negro, com os olhos azuis inesquecíveis para Pietra, brilhando como nunca.

A primeira sensação de Pietra foi o medo. Veio à cabeça que ela estava num local isolado da estação, sozinha com o homem havia matado outro homem há alguns dias.

E se ele veio até ela para calá-la? O medo aumentou!

- Calma menina, não sou tão mal assim. Já te salvei uma vez e se
Quisesse calá-la, teria feito isto naquela noite lembra-se?

- Como sabe que penso isto?

- Apenas sei.

- Quem é você?

- Não sou o anjo que você deseja, mas também não sou o demônio que te assusta. Sou apenas um amigo.

- Amigo?

- Sim, um amigo que não quer lhe fazer mal e que veio se despedir.

- Você vai embora?

- Não, você é que vai.

- É...

Pietra nunca havia se sentido tão bem como naquele momento. Sabia que não queria ir mais embora. Sabia que queria ficar. Havia encontrado seu Salvador.

- Você mora no moinho?

- Sim.

- Mas, eu fui até lá e não te encontrei.

- A luz do dia não me faz muito bem.

- Eu sabia que deveria ter voltado à noite. Qual seu nome?

- Allan, muito prazer Pietra.

- Como sabe meu nome?

- Apenas sei.

- Allan, quer mesmo que eu vá embora?

- Não tenho certeza.

- Poderei ficar para nos conhecermos melhor.

- Não! Vá embora. Adeus!

Allan, assim como apareceu, sumiu, deixando Pietra confusa, mas feliz.

As 10h00min da noite, o trem partiu para Nice, levando a bordo todos os seus passageiros, menos Pietra que ficou só na estação com sua mala e seus sonhos.

- Vamos fechar menina, este era o último trem da noite. Está esperando alguém?

- Sim. Mas vou ao encontro dele.

Allan sabia que Pietra não havia entrado no trem, mas ficou sem  saber o que fazer. Viu a menina caminhando pelas ruas de Lion, e viu também que seus passos a conduziam ao velho moinho.

Pensou muito em qual seria sua reação quando chegasse este dia. Sabia que Ruth havia dado sua vida por ele, devia muito a ela e sempre sentia sua falta. Mas lá estava, caminhando pela escuridão, uma menina que se parecia muito com ele quando chegou à Galati há 98 anos pensando em ser bem sucedido e onde encontrou seu amor.

Desceu até a próxima esquina e deixou-se ver por Pietra que neste momento já estava exausta por carregar sua mala pelas ruas de Lion.

- Você não desiste, não é Pietra?

- Allan, não sei quem ou o quê é você, só sei que não penso em mais nada depois que te conheci. Quero ficar em Lion, ou em outro qualquer lugar do mundo, desde que tenha sua companhia sempre!

Com um gesto de carinho, Allan foi ao encontro da menina, que agora tremia de emoção, abraçou-a e com muito esforço para retrair seus dentes, beijou-a carinhosamente nos lábios, até que o beijo os uniu em um êxtase nunca antes experimentado por ambos.

Pietra nem percebeu quando Allan, ainda abraçando-a, levantou-se do chão, levando-a pelos céus de Lion até o topo do velho moinho.

Pietra não tinha medo, assustou-se um pouco com a altura, mas sabia que Allan não deixaria que nada da mal lhe acontecesse.

- Minha mala!

- Deixe-a, para onde vamos, não precisará mais dela, terá tudo novo, tudo...

Já no moinho, Allan explicou para Pietra detalhadamente como era sua vida, como conheceu Ruth e como se tornou um vampiro. Pietra ouvia tudo atentamente, não perdendo nenhum detalhe e perguntado muito sobre o que não entendia.

- Menina, como lhe falei, está amanhecendo, e a luz do sol não me faz nada bem. Vou descansar. Obrigado por não ter medo de mim. Obrigado por me deixar contar toda minha vida. Eu precisava falar com alguém. Fique aqui, que você estará protegida e, se quando eu acordar você não estiver mais, eu entenderei. Neste caso, tome este dinheiro para sua passagem de avião para onde quiser.

Pietra ficou calada, não sabia o que falar. Deu um pequeno beijo em Allan e ficou olhando-o enquanto descia para o porão pela porta que ela tanto havia batido dias atrás.

As horas demoraram muito a passar. Pietra não tinha fome, sede, simplesmente ficou ali sentada, olhando para a porta e pensando, pensando.

4 comentários:

  1. às 19 novembro 2011 em 06:37 - lunnafrank
    Querido amigo , eu posso dizer que copiei todos os capitulo do Moinho, para reler depois sossegada, sabe que estou aguardando o final que pelo jeito vai ser super mega blaster,seller. Eu sou sua fã, deixei todos os meus endereços aonde poderá me achar, eu com certeza estarei sempre aqui para ler sua obras primas.... Amigo só as rosas sentem a sensibilidade e o perfume dos cravos. bjussss da amiga Lunna Frank.

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  2. às 20 novembro 2011 em 23:51 - mensagensdesarath
    Estou mando ler sua historia! Um romance cativante! Estou curiosa para ver o final.. Tenha uma linda semana Beijosss carinhosos Candida

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  3. Ontem em 02:06 - poetaluizclaudio
    Bom Dia. Que a cada manhã, você sinta em seu coração a certeza de que a vida lhe espera de braços abertos, para receber suas expectativas e realizá-las uma a uma

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  4. Ontem em 21:26 - escritornashorasvagas
    Amigos, obrigado pelas palavras. Tenham todos uma excelente semana!

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