Páginas

sábado, 19 de novembro de 2011

DUBI E EU


Ontem, 22 de agosto, fui um dia atípico: Meu filho mais velho fez 21 anos!!! e isto deixa qualquer pai radiante.
Mas também foi um dia que começou complicado. Nunca é bom perder alguém de quem se gosta, ou se aprendeu a gostar, apesar das diferenças. Ontem perdi alguem querido. Tanto que fiquei abalado o dia inteiro. Para me distriair, comecei a navegar e então surgiu a idéia de criar um blog, que aliás estava em meus pensamentos há tempos. Ontem fiz isto e quem eu perdi, merece uma homenagem aqui.
DUBI E EU

Dubi entrou em minha vida sem querer a quase nove anos. A esposa de um colega de trabalho estava grávida e eles tinham receio de, após o nascimento de seu filho, não darem a atenção necessária ao Dubi.
Então eu o peguei e levei para a casa de minha mãe. Na ocasião ele tinha apenas oito meses.
Não adiantava querer brincar com ele. Se eu jogasse uma bolinha, tinha que eu mesmo ir buscar. Ele simplesmente acompanhava a trajetória da bola e depois olhava para mim, como dizendo: E aí... Não vai pegar? Dubi também não fazia festa quando eu chegava e nem demonstrava tristeza quando eu ia embora.
Dubi era um gato.
E como todo gato, ficava em seu canto, miando quando tinha fome, ou quando queria que a areia de sua caixa fosse trocada.
A única coisa que Dubi realmente adorava era o colo de minha avó. Aonde ela fosse lá estava o Dubi em seu colo. Quando ela, por força da idade, passava uma temporada no Hospital, era visível a tristeza dele. Ele chegava a ficar uma semana sozinho, tendo como companhia uma boa vizinha que ia algumas vezes durante o dia ver se estava tudo bem e trocar sua comida. Nestas ocasiões, quando eu ia visitá-lo... Aí sim ele vinha para meu colo, pedia carinho e me fitava como se perguntasse: Cadê minha avó? E eu pacientemente explicava que ela voltaria logo. Até dormi lá algumas vezes para que ele não ficasse sozinho.
Sempre que eu lembrava, lhe comprava uma comida diferente, ou um quitute qualquer. Uma vez, comprei um brinquedo pra que ele afiasse as unhas, ao invés de estragar os braços do sofá. Fixei na parede e mostrei para ele e, adivinhem: ficou lá uns cinco anos e o Dubi não deu um arranhão sequer nele. Toda vez que eu ia à casa de minha mãe, olhava para o negócio pendurado, pensava em tirar, mas acabava deixando na esperança que algum dia ele ainda o usasse.
Há uns três meses o Dubi começou a emagrecer. O levei em uma das melhores clinicas da Zona Norte. Fizeram todos os exames possíveis e não encontraram nada. Tínhamos que levá-lo todo o dia para tomar soro, pois não se alimentava como devia e estava perdendo muito peso.
Decidi então, após dez dias a trocar de clinica e o levei na UIPA. Após mais uma bateria de exames, me disseram que ele tinha PIF. Não entrarei em detalhes da doença, mas um dos sintomas é a total falta de apetite.
Fizemos de tudo, sessões de soro, antibióticos e qualquer remédio que fosse receitado, mas o Dubi não reagia. Quando podia, eu ia até a casa de minha mãe para tentar lhe dar comida. Nesta época, nosso relacionamento se estreitou muito. Ele ficava em meu colo, ou no de minha avó, mas só conseguia comer um pouco comigo, o que não era o suficiente para melhorar.
Ontem, em novo retorno na UIPA, tomei a decisão mais triste e difícil que já havia tomado. Decidi não deixar mais o Dubi sofrer. Segundo a veterinária, ele estava entrando em uma faze onde teria que ser alimentado via tubo e isto seria demais para ele.
Ficamos então alguns momentos a sós, eu e ele... Falei que ficaria tudo bem e sei que ele sabia que eu faria de tudo para não vê-lo sofrer.
Graças a Deus, que nós, seres humanos, somos os únicos seres da terra que temos a consciência da morte. Sabemos que ela chegará um dia inevitavelmente.
Dubi não sabia. Ficou no meu colo até dormir... E dormindo se foi...
Confesso que não tinha idéia que o Dubi faria isto comigo. Confesso que nunca me senti tão inútil. Todos na UIPA  disseram que eu fiz muito por ele, mas acho que poderia ter feito mais... sei lá...
Sei que foi muito melhor assim. O que eu poderia fazer? Ser mesquinho e segurá-lo mais um ou dois meses? Agora ele está no Céu dos gatos... Sim deve ter um Céu dos gatos...
E eu? Bom, eu fico aqui, a vida sempre continua, mas sinto saudades de jogar a bolinha.
E depois ir buscá-la...

7 comentários:

  1. às 24 agosto 2011 em 02:30 - Wania
    Você fez eu chorar.....

    ResponderExcluir
  2. às 24 agosto 2011 em 04:57 - Ricardo - Email
    Karakas...Marco....Essa...historia.que.vc.viveu...foi..muito.linda...Fiquei..muito.comovido... Mas.a.vida.continua.....ainda.vai.aparecer.um.novo.amigo..na.sua.vida... Não.pra.tirar.o.Lugar.do.Dubi...mas.pra.fortalecer...esse.imenso.coração.que.vc.tem...abs

    ResponderExcluir
  3. às 24 agosto 2011 em 18:23 - Beatriz - Email
    ADOREI!!!!!!!

    ResponderExcluir
  4. às 24 agosto 2011 em 23:13 - Mariana
    Como a Wania, você também me fez chorar.... Pois é amigo, sinto um grande orgulho em você escrever seu blog, até mesmo que conversamos sobre isso.... lamento por a primeira postagem ser sobre o ocorrido com o nosso amigo Dubi.... mas tenho a certeza que você fez tudo que estava ao seu alcance e mais uma que apendo com você..... dar valor ao "ir uscar a bolinha ".....

    ResponderExcluir
  5. às 20 setembro 2011 em 17:25 - Marcos Roberto - Email
    Tenha a certeza de que no plano maior estes queridos animais estão bem, talves estiveram em nossas vidas para nos ensinar ou passar até a onde homem e o animal vivem o amor .abs seu irmão.

    ResponderExcluir
  6. às 30 setembro 2011 em 21:58 - sandra gligor - Email
    Muito linda a historia de vcs dois

    ResponderExcluir
  7. que história linda e comovente. Tenho uma filhota de 4 patas: Minha cachorrinha Joy. E, nem quero pensar em quando ela se for. bjuss

    ResponderExcluir