Finalmente Allan e Ruth ficarão juntos por toda a eternidade!!! Ficarão? Confirmem vocês mesmos, lendo o Capítulo 6 de O MOINHO. Boa leitura!
O MOINHO - CAPÍTULO
6
Ruth aproximou-se de Allan, pela primeira vez deixou-o
ver seus olhos vermelhos e sua boca sedenta. Allan não se assustou e virando
sua cabeça, ofereceu seu pescoço para a mordida final.
Alguns segundos foram o suficiente para que Allan
caísse desfalecido nos braços de Ruth que, exibindo sua força, pegou-o no colo
e levou-o até o porão.
Lá embaixo, dois caixões estavam esperando seus
moradores. Um cor de madeira envelhecida, forrado com seda vermelha, usado por
Ruth e outro, negro muito brilhante e bem cuidado, forrado de seda azul
marinho, antiga urna de seu protetor e que pertencia agora ao seu amado Allan.
Allan teve muitos sonhos durante o dia. Sua infância
pobre em Lion, a morte de seu pai numa indústria de tecidos, a morte de sua
mãe, vitimada de tuberculose quando ele tinha apenas quatorze anos, seus dias
no internato até conseguir um emprego de entregador na empresa em que ainda trabalhava
suas desilusões amorosas e a voz macia de Ruth ao seu ouvido: Eu te amo Allan!
A noite chegou de forma diferente, a primeira reação de
Allan ao ver onde esta deitado foi a de repugnância, dois caixões postos lado a
lado em um porão úmido e iluminado por velas que pendiam de dois castiçais
pendurados no teto, mas Ruth estava lá novamente para acalmá-lo.
- Então é isto que estava por trás da porta da cozinha?
- Sim, por isso ela permanece trancada por dentro.
- Sinto-me tonto... E com fome!
- Ah ah! Quer um pedaço de Javali?
- Não... Estranho, mas não sinto vontade de mastigar e
sim de...
- Sim, eu sei. Venha, vamos sair.
Allan se sentia leve, mas ao mesmo tempo mais forte.
Sentia que podia tudo, mas não sabia como.
- Lá está nosso sol.
Disse Ruth ao mostrar a lua cheia que insistia em
brilhar naquela noite silenciosa.
Allan estava ainda meio tonto, mas com muita fome.
- Ruth, estou com dores no estômago!
- É normal. Esta é a primeira vez. Você vai aprender a
controlar sua fome e seus desejos, venha.
Allan ainda sem saber controlar suas forças, foi
carregado por Ruth até uma clareira no meio da floresta. Aquele vôo estava diferente.
Allan percebeu que Ruth não precisava fazer muita força para levá-lo consigo.
- Ouça!
- O que?
- Preste atenção. Há um coelho atrás daquele arbusto.
Sem que Allan percebesse, Ruth deu um pulo e em
segundos estava com o coelho nas mãos em sua frente.
Ruth esticou os braços em direção a Allan que pegou o
coelho sem muito saber o que fazer.
- Sinta seus instintos. Mate sua fome!
Allan sentiu o cheiro do sangue do animal e viu que seu
corpo estava se transformando. Começou a salivar, sentiu seus dentes aumentarem
de volume. Doía um pouco, mas Ruth ia controlando e dizendo o que se passaria
em breve.
Seus olhos se avermelharam e Allan pode ver coisas que
nunca imaginou que visse um dia. De repente, seu instinto animal se aflorou e Allan
abocanhou a veia do animal que segundos depois jazia sem vida em suas mãos.
Ao perceber o que havia feito, Allan assustou-se, mas
Ruth estava lá e com muito carinho ofereceu seu pulso para que seu amado
bebesse um pouco de seu sangue e assim se acalmasse.
Allan sentiu-se diferente, forte e animado, abraçou
Ruth jurando amor eterno.
- Por hoje está bom. Vamos voltar. Venha!
Ainda sem saber como fazer, Allan abraço-se à Ruth que
o levou de volta voando desta vez lentamente ao redor do pântano e da floresta.
Dormiram. Allan não sonhou. Na noite seguinte iria
entender que não sonharia mais.
Quando acordou, Allan viu que Ruth não estava em sua
urna.
- Ruth! Ruth!
Sem ter resposta, saiu rapidamente do porão.
- Ruth! Ruth!
- Estou aqui!
Dizia Ruth, nos pensamentos de Allan.
- Onde?
- Siga-me.
Allan concentrou-se e pôde ver claramente Ruth longe
dele, próxima ao vilarejo onde se conheceram.
- Venha Allan! Venha meu amor!
- Como?
- Venha...
Allan foi ao terraço da casa.
- Siga seus instintos...
- Como?
- Venha...
Fechando os olhos, Allan começou a sentir o que estava
em sua volta. O som da floresta, seus animais respirando, o pântano com seus
insetos e sapos. Seus olhos começaram a se avermelhar, sentia suas forças
aumentando. Era o instinto animal fluindo em suas veias. Criou coragem e pulou
do terraço e sem saber bem como, estava voando ao encontro de Ruth.
-Venha...
Conseguiu localizar sua amada através de seus
pensamentos e em pouco tempo estava em seu lado na entrada da cidade.
- Vamos nos divertir hoje!
Foram à taberna onde Allan viu Ruth pela primeira vez.
A taberna estava cheia naquela noite. Durante o dia uma festa de casamento
havia animado a cidade e à noite os homens foram se divertir. Ruth e Allan
também.
O dono da taberna não havia percebido que Allan tinha
entrado com Ruth e ao vê-lo foi ao seu encontro:
- Pensei que tivesse ido embora e desistido da procurar
a Ruth!
- Não! Não fui embora e já a encontrei
Allan não percebeu, mas seus olhos vermelhos brilhavam
para o dono do bar, que saiu assustado em direção ao balcão.
- Calma meu velho!
Disse Ruth ao seu estranho amigo.
- Ele não vai atrapalhar seu negócio.
- Ruth, temos um acordo, mas você não podia ter feito
isto. Sabe o que pode acontecer se saírem matando gente por aqui!
O olhos de Ruth se avermelharam de raiva, mas ela se
controlou, pegando Allan pela mão e saindo da taberna rapidamente.
- Tenha calma! O homem está com medo.
- Sim eu sei. Eu o respeito e ele me respeita, mas sei
que ele adoraria estar em seu lugar. O que ele sente são ciúmes.
Ficaram lá fora, ao relento. Normalmente Allan estaria
com agasalhado, mas sabia que não sentiria frio novamente.
De madrugada, os homens foram saindo um a um da
taberna, rumo as suas casas.
- Preste atenção! Sinta os pensamentos!
Allan concentrou-se e após um tempo começou a sentir
sensações inexplicáveis, boas e ruins.
- Separe os pensamentos. Descubra de quem são. Hoje
teremos um jantar rápido.
- Sinto que não há pessoas más aqui.
- Sinto o mesmo, vamos!
Puseram-se a seguir dois homens que desciam uma ladeira
escorregadia.
- Venha.
Ruth saiu novamente na frente de Allan e sem que os
dois homens percebessem, pegou o primeiro e sugou-lhe o pescoço de forma rápida
e animalesca. Vendo a cena, Allan sentiu seus dentes crescerem, seus olhos se
avermelharem e em segundos estava atacando seu fraco oponente. Allan não tinha
controle sobre sua fome e sua força e se Ruth não estivesse próxima a ele, o
pobre homem estaria morto.
Pegando Allan pelo braço, deixou o homem desacordado
enquanto o outro corria pela ladeira abaixo gritando feito louco.
Em pouco tempo estavam novamente na casa. Allan estava
extasiado pelo seu feito. Foi preciso que Ruth o controlasse para que ele não
aflorasse demais seus instintos animais.
Durante semanas, Ruth e Allan iam à cidade para
jantares rápidos. Para evitarem o taberneiro, foram algumas vezes à Braila,
cidade próxima e também aos campos para se alimentarem de um bezerro ou ovelha
desgarrada. Ruth ensinou tudo o que Allan precisava saber sobre sua nova vida e
como ele deveria se portar em lugares públicos. Allan aprendeu rápido e em poucas
semanas sabia distinguir pensamentos e atitudes boas e más para não pegar a
vítima errada.
Como toda mulher, Ruth se contentava em ficar alguns
dias sem se alimentar, mas Allan tinha que saciar sua fome diariamente, o que
estava atrapalhando os negócios do taberneiro com a queda do movimento noturno.
Em poucos dias o boato sobre vampiros na pequena cidade
chegou a Bucareste, fazendo com que os caçadores fossem fazer uma visita aos
arredores.
Certa noite, Ruth e Allan foram à taberna e não
perceberam que havia pessoas diferentes.
Com um sinal combinado, o taberneiro mostrou para
alguns homens quem era Allan e onde ele estava. Foi o suficiente para que as
portas e janelas fossem trancadas e colocadas sobre elas réstias de alho para
evitar a fuga do perigoso vampiro.
- Allan!
O taberneiro não havia dito nada sobre a mulher, mas
quando ela se virou e viu a armadilha, mostrou-se para os caçadores que sabiam
agora estar diante de um casal de vampiros.
- São dois! Não os deixem escapar!
Todos estavam armados de água benta, estacas e cruzes e
cercaram os dois vampiros em um canto da estalagem.
Ruth viu que não havia como escapar, olhou para Allan
com muita calma e amor, deu-lhe um pequeno beijo.
- Sempre vou te amar Allan.
E correu ao encontro de seus algozes. Lutou muito até
cair desfalecida e se desmanchar, virando pó na frente de todos. Allan, só teve
tempo, aproveitando a distração de todos, de quebrar uma janela e correr pela
sua vida. Todos os caçadores saíram à sua procura, mas já era tarde. Allan já
havia se escondido em seu porão.
Dormiu... Não sonhou.
Na noite seguinte, voltou escondido até perto da
taberna e ficou esperando. Ouvindo e sentindo pensamentos, mas esta noite os
seus próprios pensamentos eram mais altos:
- Vingança! Só quero vingança!
Os caçadores haviam partido. Sabiam que o serviço tinha
ficado pela metade, mas sabiam também que o vampiro demoraria a voltar por
aquelas bandas. Era o que dizia a lenda.
Quando o último cliente saiu, Allan entrou quase que
derrubando a porta. O taberneiro ficou sem ação quando Allan o pegou pelo
pescoço, levantando-o até quase o teto.
- Maldito! Por que fez aquilo conosco?
- Eu não falei nada sobre a Ruth, queria que pegassem
somente você! Você é quem me atrapalhava, ela não!
Sem hesitar um instante, Allan mordeu o pescoço do
velho taberneiro, só parando de sugar quando já não havia mais sangue em seu
corpo.
Suas mãos suavam! Nunca havia matado um humano, somente
jantares rápidos e animais, mas o êxtase de matar o assassino de sua amada foi
maior que qualquer arrependimento.
Depois desta noite, decidiu voltar para Lion, encontrar
um refúgio noturno, eliminar todos os assassinos que encontrasse e nunca mais
se apaixonar.
Mas, nunca mais é muito tempo...
s 12 novembro 2011 em 20:55 - lunnafrank
ResponderExcluirCravo, que vou dizer pra ti amigo, estupendo!!!! Bejusss